domingo, 17 de outubro de 2010

Domingo Insípido

Sei que quem já leu meus três primeiros posts começou a se acostumar com um jeito meu meio ácido de escrever... Faz parte da minha personalidade, do meu jeito de ser, na verdade é a forma que tenho de escancarar um pouco das coisas boas e ruins que tenho guardado dentro de mim. Mas pra quem espera ver nesse quarto post as mesmas características dos outros três pode se decepcionar um pouco com o teor deste aqui... que é um pouco mais nostálgico, melancólico, quase romântico...

O Romantismo já correu nas minhas veias a muitos anos atrás, quando os animais ainda falavam... eu, um adolescente imberbe e sem mulher (que por pouco não partiu pruma vida religiosa na tentativa de buscar um sentido pra minha torturada existência) já demonstrava certo talento para as letras quando tecia num daqueles cadernos velhos da escola, versos para uma musa imaginária... vivia entre o ser poeta e o ser poeteiro, como é próprio da idade... até que ao ingressar numa Faculdade de Letras senti morrer em mim todo o prazer pela poesia... mas talvez isso seja assunto prum outro post...

Nesse quero falar apenas do fim do fim de semana, que nem bem começou e já terminou, num pálido domingo... agora são quase meia noite (seria quase onze, não fosse esse maldito horário de verão começando hoje...) e se alguém viesse agora conversar comigo, minha voz sairia como se tivesse acabado de acordar. É que hoje não exercitei minhas cordas vocais quase nada, faz parte da vida de quem mora sozinho e não tem uma vida social muuuuuuuuuuuuuuuuuuuito ativa, mas depois da noite de ontem, nem tinha mesmo muito pique pra grandes coisas não... mais uma vez dei um show etílico na Calourada da minha turma de Química, e é claro que os efeitos se deram durante todo o meu dia seguinte (hoje)...

Bom... foi uma festa incrível, melhor ainda não ter sido atacado pela amnésia do dia seguinte, e eis que chego em casa, aos trapos, me jogo na cama, meu quarto de ponta cabeça, jogo tudo no chão e durmo. Acordo assustado pensando que já eram quase duas da tarde, e eu tinha que ir trabalhar hoje (é... pois é...) não importava a hora, só sabia que tinha que ir, então me alivio ao constatar que não eram nem oito horas da manhã.

Ufa... durmo de novo, acordo, vou ao banheiro, bebo água, tomo um café... meu quarto uma zona completa, insustentável já, resolvo dar uma faxina... vou arrumando aos poucos, parando de tempos em tempos quando a cabeça doía demais, depois fiz um lanche de almoço (não gosto de cozinhar), vi um filme, comendo pipoca de microondas.

Fui trabalhar... tinha um servicinho pra fazer na firma, como tenho a chave, entro e saio quando preciso. Fui, fiz o serviço. Voltei.

Fiz mais um lanche.

Vi mais um filme...

E agora é hora de me preparar para o dia seguinte...

Tudo assim, muito simples. Eu escolho o que faço, a hora que vou trabalhar, o que comer... Me senti mal durante todo o dia, e só o amigo que me trouxe me casa me ligou pra saber como eu estava... Tudo bem, não acho que deveriam ter chovido ligações no meu celular, cada um tem que cuidar da sua vida, mas alguns hábitos e costumes antigos às vezes fazem falta pra esse Escritor Maldito...

Chegar às três da madrugada... e ter que dar explicações de onde eu estava, se é que me dariam permissão pra sair...

Andar na ponta dos pés pra não acordar a criança que dorme no quarto ao lado...

Levantar cedo pra fazer o café da manhã em família...

O barulho da máquina de lavar sem que eu a tenha ligado...

Alguém me perguntando como foi o meu dia...




alguém me perguntando como foi o meu dia...




Acho que as pessoas já estão tão acostumadas com sua rotina, com as pessoas ao redor, que perderam o sentido ou se esquecem de dar o verdadeiro valor que elas merecem. Todo mundo precisa de espaço, eu não abro mão da minha individualidade, mas é estranho saber que vou sempre voltar para uma casa onde ninguém nunca me espera, não importa a que horas eu apareça, tudo está sempre exatamente igual como eu deixei....

Não há surpresas...

Não há alegria por me ver voltar...

Ninguém pra desejar "um excelente dia"...


Ninguém pra lembrar das contas que se deve pagar...

ou pra convidar pra jantar...

ou pra programar um fim-de-semana, ou pra consolar porque teve um dia ruim...

ninguém pra despejar problemas... ou pra ligar aquela música repetida de todos dias...

ou pra notar que você mudou o cabelo, emagreceu...


Essas coisas mexem um pouco com a gente, mesmo com o mais durão dos mortais. Acredito que até Gengis Khan, ao chegar em sua choupana montado em seu corcel, deve ter pensado em como seria bom ter alguém esperando por ele, uma mãe, uma esposa, ou um monte de filhos... Tenho certeza que muitas pessoas hoje se sentem sufocadas com a vida que levam, como eu já me senti. Tenho uma individualidade muito forte, gosto dos meus momentos, preciso deles... e só consegui conquistar a mim mesmo deixando uma vida familiar muito difícil pra trás... a exatamente um ano (completou essa semana). Tudo isso pra ter domingos por minha conta, como esse. Pra curar minha ressaca. Pra fazer o que eu quiser. E pra estar até agora, às onze e meia da noite, com a mesma voz rouca que eu deveria estar às oito da manhã. Por quê? Porque não tive pra quem sequer dar um bom dia...


Até meu próximo post... e obrigado por me dar a chance de compartilhar um tiquinho de mim nesse domingo insípido...

(Senhoras, sequem suas lágrimas, por favor... e contenham o impulso de pegar o celular e ligar para o meu número pra me desejarem um bom dia (ou uma boa noite) A intenção não é motivar ninguém a querer suprir minhas carências...)

4 comentários:

  1. Bem capaz de eu me dar ao trabalho de te ligar sim... Aham, Cláudia!
    Essa tristeza, essa nostalgia é normal, sempre vem, normalmente aos domingos. Ô dia, viu!
    E vc achou uma solução ótima pra aliviar desse sufoco: blogar. É contar pra todo mundo, sem contar pra ninguém. É falar na hora que dá na telha!
    Agora vc tá pegando o espírito da coisa!!!

    Ótima semana!

    Ah, e o novo design ficou bacana!

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  2. Bom Gustavo eu não sei nem o que dizer, mais eu fico feliz por você, que você conquiste todos seus sonhos e seus estudos.
    Sei que você está estudando muito... parabéns é difícil ver alguém assim com esse entusiasmo para estudar,eu também estou estudando muito, pois estou chegando no final estou no último modulo e já estou fazendo a pós-graduação, quero ver você na minha formatura seu cinvite já está separado.

    Parabéns pelo seu blog você é muito criativo continue assim.
    bjos para você, ver se não some tá? quero muito ver você...bjsss
    Andreia

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  3. Tudo na vida tem seu preço...

    E como dizia aquele cantor: "o preço que se paga às vezes é alto demais..."

    Mas, "é alta madrugada já é tarde demais pra pedir perdão..."

    às vezes o barulho dentro de casa é tão grande que é impossível escutar o próprio pensamento.

    porém, quando o silêncio se torna profundo demais, doi ter que escutar o que nosso pensamento está dizendo a nosso respeito.

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  4. Morar sozinho tem um milhão de vantagens. A independência, a autonomia, as SUAS coisas do SEU jeito, no SEU lugar, sem absolutamente ninguém para dizer que não gosta, não deve, não pode...

    Ter um espaço para mim é algo impagável.

    Mas tem dias...

    Tem dias que são mais longos, mais escuros, mais sombrios, mais difíceis de enfrentar sozinho. E chega uma hora em que é preciso partilhar uma angústia com outro ser humano, sentir um outro cheiro, ouvir uma outra voz, que não a própria. E, nesses dias, a solidão é dolorosa. E é preciso morder os lábios, cerrar os olhos, fincar o pé no chão para não cair, aceitar que chorar não faz da gente menos homem, ainda que ninguém fique sabendo das lágrimas derramadas.

    São os dias que nos fazem amadurecer. Que fazem o menino crescer e se transformar realmente em um homem adulto.

    E, geralmente, esses dias são domingos...

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