sexta-feira, 29 de julho de 2011

DE REPENTE... TRINTA (E UM DE JULHO)!!!

Engraçado como acho que poderia justificar de várias formas a minha ausência durante esses (quase) dois meses, mas o fato de não me aventurar a postar crônicas nesse período não se deu pela ausência de reflexões da vida, pelo contrário... Nunca tive tanta necessidade de repensar a sociedade moderna pós Amy Winehouse como agora, mas as pressões com a faculdade, a necessidade do ócio e (pasmem!) a falta das palavras certas me fizeram afastar dessa que é uma das minhas atividades preferidas (não, não mais do que SEXO, espero que já tenha deixado isso claro!). Mas acho que essa semana tenho motivos mais do que especiais para voltar a dirigir-me a esse querido blog e a meus fiéis seguidores, e não posso deixar passar essa belíssima oportunidade...

No próximo domingo, dia 31 de julho, completarei 30 anos de existência. Quando adolescente, achava que estaria milionário aos 30 anos e que todos os meus problemas estariam resolvidos, como num filme teen, em que numa fração de segundos o diretor avança a história quinze anos no tempo, e o garoto imberbe de pernas tortas é trocado por um ator forte, sarado, tendo finalmente conquistado sua paixão da adolescência... Na vida real não é assim que as coisas funcionam. Nós, seres humanos, pertencentes ao gênero dos homo sapiens, pansexuais, onívoros e pluricelulares não somos criaturas saídas do filme Avatar, ou de qualquer outra comédia romântica da Disney... não vivemos felizes para sempre, mas é engraçado como muitas vezes nos apegamos à situações circunstanciais para justificar a incapacidade de sermos felizes agora, como se algo de realmente relevante precisasse acontecer para que pudéssemos fugir de nossa responsabilidade com aquilo que acreditamos ser a plena felicidade. Cada dia que passa, vamos idealizando fatos que, se ocorressem, nos fariam acreditar na vida, nas pessoas, no amanhã... e vamos adiando nossos momentos de paz interior, de realizações, de compartilhamento, para que venham quando formos promovidos, ou quando concluirmos a faculdade, ou quando conseguirmos aquele emprego... e por aí vai.

Cerca de nove anos atrás, eu vivia no mundo das certezas. Com vinte e um anos, TINHA CERTEZA que tinha encontrado a mulher da minha vida, que nunca mais estudaria matemática de novo, que minha orientação era 100% católica... Hoje em dia, cursando Química na UFMG, com um casamento desfeito vivendo longe de qualquer preceito religioso (embora muito mais longe ainda de ser agnóstico... ), tudo o que sei é que as certezas que temos são grandes armadilhas das quais devemos fugir, ou nos prevenir, para evitar que grandes decepções se abatam sobre nossas cabeças...

Uma das minhas últimas certezas se esvaiu recentemente, mais precisamente no dia 01 de junho. Fui demitido de uma empresa para a qual trabalhei por oito anos. Coincidentemente, ingressei na companhia na mesma época em que comecei meu curso de Letras e me preparava para o casamento. Na época, eu TINHA CERTEZA de que não duraria mais do que seis meses naquele lugar, mas oito anos se passaram e tudo se tornou diferente. De alguma forma, o trabalho me absorveu a ponto de me definir pelo que eu fazia... e sabia fazer. Eu tinha respeito, status, um cargo elevado, tinha poder... e era extremamente infeliz!

A última razão para que eu não fosse feliz residia no fato de estar ali, fazendo o que estava fazendo. Então, com a demissão, fui forçado a encarar uma difícil realidade: não existia mais motivo para não ser feliz! Tudo dependia de mim agora. E eis que pairava a pergunta: ONDE está a felicidade? O que fazer para encontrar a felicidade?

Demorou alguns dias para eu perceber a vida não tinha ficado milagrosamente mais fácil por ter perdido o emprego e repentinamente estar livre para... fazer o que eu quisesse, ainda que não fosse nada! A cada dia eu precisava – e preciso – reinventar minha rotina porque quando acordo de manhã não sei o que fazer absolutamente. Foi amedrontador... abalou meu desempenho na faculdade (eu achava quer ia ajudar, mas só piorou!) o que me fez sentir ainda mais culpa, e pior de tudo agora era não ter a quem responsabilizar pela minha infelicidade.

Então passa o tempo e eu percebo – graças às 8 horas de sono por noite, até que enfim! – que felicidade é um conceito abstrato e subjetivo sim, mas que pode ser conquistada nas coisas do dia-a-dia que não necessariamente dependem do marco de grandes conquistas na vida. Ganhar muito dinheiro de uma vez só, ser aprovado em um concurso, conquistar alguém, traz uma enorme euforia, é verdade, mas sabemos que com o passar do tempo, voltamos ao nosso estado “normal”... não vivemos felizes para sempre! Assim como grandes tristezas não nos abalam eternamente ( a não ser que caracterizem traumas). O que nos faz viver felizes é o que fazemos com o que nos é oferecido todo dia, uma conversa com algum amigo que não se vê há algum tempo, ver um belo filme, decorar a casa, lavar o carro, tomar uma cerveja na companhia do pai, levar a filha ao parquinho e ficar empurrando-a no balanço, pagar aquela dívida de meses, dizer a alguém importante o quanto ela é especial na sua vida, comprar aquela camisa cara que você tava namorando a um tempão, fazer exercícios com prazer...

Engraçado como pequenas atitudes diárias me fizeram perceber que buscar um estado de total felicidade é inútil. É como ficar perseguindo o final do arco-íris, a gente vê lá longe, acha que está perto, mas nunca o alcança, sempre é necessário ir mais além, e esperar pela próxima chuva. E nessa inapetência, vamos culpando as circunstâncias da vida por algo que depende exclusivamente de nós. Porque no fundo, é mais fácil lamentar a própria sorte do que assumir o fardo da felicidade. Nascemos para sermos felizes, mas a inércia nos conduz a um estado de total apatia, tristeza, depressão e morte.

Não foi à toa que alguns meses atrás adotei como dogma o lema de que “A vida vale a pena HOJE”. Percebi desde minha última promoção que não era o status, não era dinheiro, ou o poder de decidir a vida das pessoas que me trariam o equilíbrio necessário para superar minhas angústias, pelo contrário. Descobri que felizes mesmo eram aqueles que ocupavam as categorias de base, que sofriam suas dificuldades financeiras mas conquistavam amizades sinceras, programavam happy hours toda sexta-feira após o expediente (eu nunca sabia a que horas ia sair da empresa, especialmente às sextas-feiras) e que conseguiam separar a vida profissional da vida pessoal. Não que eu não pudesse fazer o mesmo, para o bem de todos e da minha própria sanidade deveria tê-lo feito, mas descobri à duras penas as grandes responsabilidades que vêm com grandes poderes.

Não quero dizer contudo que a descoberta de mim mesmo fez com que eu tenha desistido de dar grandes saltos na carreira, de jeito nenhum. Por tudo o que aprendi na vida e com meus pais, acredito que somente o céu é o limite para quem não tem medo de sonhar! Mas a jornada até lá passou a ser encarada com outros olhos, pois na verdade é ela o grande desafio, muito maior do que o lugar onde se chega finalmente. Atingir a maturidade, saborear os anos que se vão, sentir que se aprendeu algo ao longo da vida, transmitir com sabedoria aos mais jovens o que se adquiriu, tudo isso traz um prazer imenso, e para os que tem medo que o tempo passe, eu sempre me lembro que envelhecer não é tão ruim quando se pensa nas alternativas...

E que venham mais trinta anos!!

Gustavo Jonathan Costa

“Por que, mais do que nunca, a vida vale a pena HOJE!”

PS: A propósito, na segunda-feira, dia 01 de agosto, começo a trabalhar novamente. Desejem-me boa sorte!