quarta-feira, 2 de março de 2011

Big Brother 174

Já me conformei com o fato de que, com 23 letras e algumas milhares de palavras disponíveis no idioma, dificilmente conseguirei vencer o campeão de audiência da Rede Globo chamado Big Brother Brasil. Não tenho imagens, não tenho sons, não tenho bundas femininas ( no bom sentido) voando de lá pra cá no meu cenário... (mas taí algo pra se pensar). Hoje é uma quarta-feira, e ontem, provavelmente, alguém foi eliminado da casa. Pelo menos 1 milhão de televisores deveriam estar ligados na telinha global nesse momento, para assistir mais uma vez esse grande achincalhe da cultura brasileira...

Eu bem que tentei... Juro!! Afinal de contas, já que tá todo mundo embarcando nessa merda mesmo, ficar sozinho é que eu não quero. Mas não consegui... Mal conheci os participantes, desisti... E meu interesse é bem genuíno, afinal de contas, durante bons seis meses as garotas do Big Brother estarão estampando as capas das revistas masculinas, então porque não conhecê-las antes e já ficar fantasiando com todas aquelas vadias sem cérebro e sem roupa?

Mas nem com tamanho incentivo consegui vencer a letargia que o programa me causara. Fiquei por ali mesmo... e o pouco que sabia dos participantes, já esqueci! Não que tivesse grandes coisas pra fazer, mas não consigo pensar em coisas PIORES pra ocupar meu tempo... qualquer atividade é melhor do que esse show de horrores... Escrever por exemplo...

Foi então que me veio uma luz...

Somente um cronista maldito poderia se aventurar na missão quixotesca de desmontar todo esse circo armado pela Rede Globo chamado Big Brother... afinal de contas, são milhões de telespectadores contra apenas 7 seguidores meus!!! (vamos aumentar esse número aí gente... pelo menos 10!!!) Então, resolvi unir forças com a toda poderosa e lançar o meu primeiro projeto para um reality show que o Brasil realmente gostaria de ver... O BIG BROTHER BRASIL 174.

O número 174 não precisa ser o número da edição... já que estamos na edição onzima, seriam precisos uns cento e sessenta e alguns anos até atingirmos a que eu gostaria de lançar... e essa deveria ir ao ar já, tão logo a edição atual termine.


Bem, o que esse Big Brother tem de diferente? Vamos começar pelos participantes:

Participantes de 1 a 5: Carlos Eduardo Toledo Lima, Diego Nascimento da Silva, Carlos Roberto da Silva, Tiago de Abreu Mattos e Ezequiel Toledo Lima;
Famosos pilotos de fórmula 1, ficaram conhecidos por suas proezas em arrastar o garoto João Hélio do lado de fora de um carro;

Participante 6: Suzane Louise von Richtofen, a próxima socialyte a posar para a Playboy. Resolveu suas crises de família depois de uma atitude que - literalmente - abriu a cabeça de seus pais para que aceitassem seu namoro.

Participante 7: Lindemberg Fernandes Souza, depois de aparecer constantemente na imprensa devido a seus problemas amorosos, acabou se acertando com a jovem Eloá Cristina.

Participantes 8 e 9: Alexandre Alves Nardoni e Ana Carolina Jatobá, o casal afirma que o momento mais difícil foi quando tiveram que olhar pela janela para se despedir da filha Isabela, mas estão prontos para entrar na casa.

Participante 10: Goleiro Bruno do Flamengo, quando entrevistado sobre seus temores em enfrentar a casa, afirmou: "já joguei tudo o que me atrapalhava aos cães".

Participante 11: Francisco de Assis Pereira, famoso por seus vários casos amorosos, sempre com rompimento forçado. Conhecido como o Don Juan do Parque.

Participante 12: Vera Lúcia, a procuradora aposentada, ídolo das crianças.

Durante o meu Big Brother eu daria férias para o Bial. O apresentador seria o ex-ator e galã Guilherme de Pádua, aquele mesmo que cortou relações com Daniela Perez quando alguns de vocês leitores nem eram nascidos.

As regras do programa seriam muito simples. Eles seriam trancafiados na casa, que teria muros de 3 metros de altura, cercados por arames farpados e cercas elétricas. Nada de luz solar. Como no Big Brother convencional, eles seriam vigiados por câmeras 24 horas por dia. O espaço, entretanto, seria menor. Já que o programa não tem o menor pudor, resolvi cortar esse negócio de quartos e banheiros individuais. Tudo deveria acontecer ali, no meio de todo mundo, desde as trocas de roupa até as sujeiras na latrina...

Como os brothers não dormem, geralmente varam madrugada adentro, achei besteira ter camas para todo mundo. Um quarto de camas seria o suficiente. O restante, se quisesse, dormiria onde desse, no chão, ou uns sobre os outros. Depois da gandaia, não importa onde se durma, não é mesmo?

Uma vez que meus participantes não são exemplos de atletas de corpos malhados (exceto o Bruno e a Suzane) a ração (dessas de cães mesmo, para o que não vejo nenhum problema, afinal de contas, na maioria dos lares brasileiros de classe média os cães só comem do melhor, taí o goleiro Bruno que não me deixa mentir) seria fracionada, para que todos entrassem numa dieta.

Mas o mais emocionante seriam as provas do líder.

"Uma campainha é colocada no alto de um pau de sebo, quem conseguir alcançá-la primeiro não levará um choque de 1000 volts".

"Hoje a comida será colocada dentro de uma piscina de 1000 litros infestada de cobras peçonhetas. Se quiserem a ração da semana, terão que tirá-la lá de dentro".

Brincadeiras à parte, o que todos os participantes desse programa têm em comum não é nada engraçado. Faltam poucos dias do Carnaval, a maior festa do mundo, como em nossa megalomania gostamos de achar, e nos esquecemos, é claro, de pensar em assuntos tão fundamentais, tão estruturais para que possamos viver com o mínimo de dignidade nessa sociedade brasileira.

Estamos gastando milhões de reais com o Carnaval, outros milhões com a Copa do Mundo. E eu vejo minha filha de 5 anos crescendo numa sociedade rodeada de violência, onde não posso ter paz para deixá-la na escola ou por dois minutos sem minha supervisão em um parque no centro da cidade. É desesperador, pensar que um grande número de famílias vêem pessoas queridas serem reduzidas a rostos em preto e branco nos jornais de dentro dos ônibus ou nos tablóides sensacionalistas de 25 centavos. Pensar que, como chefe de família, sou impotente diante de um mundo que quer levar tudo de mim, e não me oferece sequer a proteção que preciso para chegar em casa após a meia-noite.

Um grande amigo meu, a alguns anos, teve sua mochila roubada de seu carro, que estava parado no estacionamento de um shopping (ou supermercado, agora não me lembro!). Ele havia deixado o vidro aberto, e o ladrão não teve a menor dificuldade em enfiar a mão dentro do carro e levar livros, roupas e documentos que ele guardava. Tal foi sua indignação ao ser acusado de culpado pelo ocorrido, que num determinado momento ele esbravejou: "CARALHO, quer dizer que eu guardo MINHA mochila, no MEU carro e só porque eu deixei o vidro aberto a culpa é MINHA por ele ter levado o que não era dele??? Claro que o palavrão do início é de minha autoria, ele jamais falaria algo assim. Mas o que eu quero dizer é que: facilitar a vida do ladrão é dar a ele o DIREITO de fazer o que ele quiser?? Já estamos tão acostumados a nos proteger de roubo e violência, que quando algo assim acontece por descuido, além do prejuízo material, o erro cai em nossa conta. Mas que completa inversão de valores!! Em resumo... que merda!!!

Os participantes mencionados acima? Estão todos presos, longe das ruas, graças a Deus! Mas que porra, somente depois da merda que fizeram, e fizeram devido a brechas na lei, incompetência familiar ou simplesmente por uma completa desvirtualização de princípios morais básicos, como o respeito aos próprios pais. Pois só um sistema doente e completamente desarticulado produz monstruosidades como um pai que atira uma filha de 7 anos pela janela e uma representante da lei que adota uma criança de 2 anos para violentá-la. E eu já dizia no último post, não é instrução que confere cárater, pois só em nosso elenco temos uma procuradora, uma jovem abastada, e um casal de classe média alta. E como estes, existem centenas e milhares soltos por aí, ao lado da sua casa, ou na sua escola, usando roupas de médico, policial ou advogado.

Então, temos que esperar algo acontecer para que esses maníacos dos parques sejam logo presos e retirados do convívio social? Tem que acontecer comigo? Com pessoas que eu amo?Meus irmãos, meus pais, minha filha??? Mas se não é falta de instrução, o que em nome de Deus leva tanto pessoas de baixa instrução quanto pessoas esclarecidas, a cometerem atos tão cruéis, contra pessoas próximas, ou simplesmente inocentes que apareceram no lugar errado e na hora errada? O quê?? Essa maldita cultura da impunidade, porra de lugar onde tudo sempre acaba em pizza, ou melhor, em Carnaval!

O negócio é confiar em Deus mesmo, deixar tudo nas mãos Dele... como deixou Eloá Cristina... ou a Geísa Gonçalves... como fizeram mais de duzentos mil no Haiti em janeiro do ano passado.

Como fez meu amigo Rodrigão quando saiu pra dançar naquele domingo de dia dos pais em 2008 do qual ele nunca mais voltou...

A sensação é de que não acontece nada, nunca. Ficamos apenas esperando pra ver qual o próximo espetáculo da barbárie iremos assistir nos próximos capítulos do Jornal Nacional.


...


Bom, esqueci de mencionar a regra mais importante do meu reality show: a eliminação. Para apimentar os barracos, o líder deve colocar os participantes para se digladiarem dentro casa. Cada semana dois são escolhidos. Não há regras para as brigas. É permitido, inclusive, usar utensílios da cozinha. Quem apanha mais, continua no jogo, permanece na casa, mas não pode receber qualquer cuidados médicos. O vencedor, claro, ganha a liberdade, sai da casa, onde é recebido por parentes e outras pessoas próximas daquelas que tornaram o participante famoso...

Os parentes não são revistados antes de entrar nas dependências do programa. Não são recolhidas armas, facas, porretes, ou qualquer outro instrumento que possa ser usado para ferir ou matar...

E aquele que não suporta mais tanta violência atira a primeira pedra...


Gustavo Jonathan Costa
Porque a vida vale a pena HOJE.

PS: O Boninho adorou minha idéia, mas não sei se ele tava falando sério não... disse que vai estrear no mês que vem, em abril... No dia primeiro... ihhhhhh....