terça-feira, 31 de outubro de 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS E O DESRESPEITO AO ALUNO DO NOTURNO



Desculpem às pessoas que acompanham esse blog e não tem nada a ver com essa realidade mas eu preciso usar esse espaço pra desabar!!

Estamos INSATISFEITOS com o tratamento prestado aos alunos do curso NOTURNO de Farmácia/UFMG e é bom que todos saibam.

Não foi fácil chegar até aqui e não é fácil para os alunos enfrentarem esses 6 anos, 6 e meio que nos separam da aprovação no Vestibular da tão sonhada Formatura.

O ciclo básico já é árduo o suficiente para peneirar e deixar para trás muitos dos que perceberam que não é nisso que querem trabalhar ou que vão precisar de um tempo maior para se adaptarem a uma nova forma de enxergar os estudos.

Enfim, aqui estamos.

Sabemos que estudar a noite não é o melhor dos mundos, nossos horários SÃO reduzidos, nossos estágios SÃO mais difíceis e nossa disponibilidade É muito menor do que a dos alunos que estudam durante o dia.

Nosso diferencial está em termos CONSCIÊNCIA do que queremos fazer, de sermos MADUROS o suficiente para superar a preguiça e o cansaço e estar na faculdade todas as noites por nós mesmos, sem sermos obrigados por pai ou mãe que nos exigem um diploma universitário.

Passamos POUCAS HORAS por dia na Faculdade, e o MÍNIMO que EXIGIMOS é que o discurso de inclusão e valorização da educação da Universidade Federal de Minas Gerais DEIXE DE SER DISCURSO E VOLTE A SER PRÁTICA! Desde que a Reitoria de Graduação, Colegiado e não sabemos mais quais entidades fizeram levantamentos negativos a respeito da evasão do Curso de Farmácia Noturno, sentimos que nos tornamos um FARDO para a Universidade, cujas aulas nos são dadas como FAVOR e os atendimentos ao Colegiado como ESMOLA.

Nossos horários são montados NAS COXAS de quem não tem O MENOR COMPROMISSO com a nossa formação. Não conseguimos fazer um curso DECENTE de Farmacognosia, por exemplo, porque NO NOTURNO, o horário das práticas deve ser dividido com o curso de Bromatologia, e por causa disso temos que fazer prova primeiro para depois ver a matéria. ABSURDO? Sim, mas é EXATAMENTE ISSO que eu escrevi, temos que fazer prova de técnicas de laboratório ANTES de conhecer o laboratório. Resultado? Vamos MAL nas provas e PERDEMOS O INTERESSE pelas práticas.

Não conseguimos encaixar horários de optativas porque todo esforço é feito a fim de dificultar nossa matrícula em qualquer disciplina. Porque eu não poderia cursar matérias de 3 períodos consecutivos, minha solicitação para cursar uma optativa da professora Cristina – coordenadora do Colegiado -  que não exigia nenhum pré-requisito FOI NEGADA, e a turma foi fechada com 3-4 alunos! ISSO MESMO, QUATRO ALUNOS!!! Mas pra preencher meu horário vago fui incluído numa disciplina com pré-requisitos QUE EU NÃO TENHO, Farmacologia 1,2 e 3!! RESULTADO? Estou REPROVADO na matéria porque não consegui acompanha-la da forma adequada e acabei desperdiçando meu tempo e o do professor (que teve que corrigir minha prova).

Se for conversar com cada estudante do Curso Noturno, vamos perceber que o discurso de inclusão fica só no discurso mesmo! Há quinze dias fiz a solicitação da 2ª via da minha carteirinha de acesso aos prédios da UFMG e na semana passada recebi um e-mail avisando que a mesma havia ficado pronta, e que eu fosse busca-la na Praça de Serviços no horário de 8:30 às 11:30 ou de 13:30 às 16:30. Mas qual a parte do “ALUNO DO CURSO NOTURNO” a Reitoria não entendeu? Por acaso alguém acha que nós optamos pelo curso noturno porque temos PREGUIÇA de acordar cedo e queremos dormir até mais tarde? Qual o atendimento ofertado para o aluno QUE TRABALHA ENTRE 8:00 E 18:00, com UMA HORA DE ALMOÇO ENTRE 12:00 E 13:00??? Pedir licença do posto de trabalho por um motivo não abonável? Não seria mais fácil ENVIAR ESSE DOCUMENTO AO MEU COLEGIADO para que eu buscasse NO HORÁRIO NOTURNO? O que eles querem que eu explique para o meu empregador? Não pensam que vou ter que gastar a mais com transporte pra ir e voltar, que vou perder horas de trabalho e consequentemente serei descontado... ONDE ESTÁ A INCLUSÃO??? É só isso que eu quero saber!!



Como se não bastasse, ainda essa semana recebemos um comunicado com o novo horário de funcionamento do Colegiado, com atendimento noturno entre 18:00 e 19:00. Temos UMA HORA de atendimento? Nem sequer o intervalo de aulas é disponibilizado.



Volto a repetir, estamos fartos de receber ESMOLAS da Universidade, não queremos ser tratados como FARDOS por esse sistema que nos quer ver fora daqui.  Fazer um curso de FARMÁCIA com todas as dificuldades que o curso oferece já é um desafio enorme para nós que não temos pais que arcam com nossas despesas e que temos compromissos como todo proletariado brasileiro. Estamos aqui porque queremos algo diferente em nossas vidas e em nossa sociedade, e estamos na UFMG porque temos capacidade pra isso! Queremos que a Reitoria de Graduação e o Colegiado de Farmácia façam valer o COMPROMISSO para com esse aluno que muitas vezes mal consegue manter os olhos abertos em sala, mas que sacrifica todo o fim-de-semana para repassar o que perdeu, esse aluno que vai dormir às onze e meia ou meia noite pra acordar no dia seguinte às cinco ou seis da manhã.

Nós resistiremos.


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

SOBRE MACHISMO, FEMINISMO E “CULTURA DO ESTUPRO”...



Acabei de ver uma charge numa das páginas que sigo no Facebook que me fez pensar. Na charge, um entrevistado em um programa de auditório diz que os pais devem ensinar as filhas a “não se vestirem como prostitutas” para evitar que “maníacos degenerados as enxerguem como alvos preferenciais”. É claro que o cara foi acusado pela plateia de ser machista e fascista, com as mulheres engrossando o coro de que deve-se educar os meninos a não estuprar.

“Educar os meninos a não estuprar”? Nunca me passou pela cabeça que um pai de família em sã consciência alguma vez tivesse dito a um filho que é certo estuprar alguém, que é certo roubar alguém, que é certo matar alguém. Não consigo acreditar que qualquer pessoa com um mínimo de formação moral sinta prazer diante do sofrimento, e não falo só de crimes sexuais não. Qualquer tipo de tortura física ou mental. Só pode ter havido algo de degenerado na formação desse indivíduo.

Muitas vezes eu sinto que existe algo de incompreendido quando se diz: as mulheres deveriam se cuidar mais! Uma mulher em roupas sensuais ou provocantes NUNCA, NUNCA, NUNCA dá o direito a alguém de agredi-la ou violenta-la. NUNCA! Da mesma forma que alguém que deixa o carro estacionado em frente numa rua deserta a noite e não fecha os vidros e deixa a chave na ignição NUNCA dá o direito a outra pessoa leva-lo. NUNCA! É o carro DELE, não de outra pessoa. Também é o corpo DELA, não de outra pessoa.  Mas se o carro é levado, a sociedade diz: a culpa foi sua, quem mandou deixar o carro aberto? Mas hein? Minha culpa? Era MEU carro... O fato dele ter ficado aberto NÃO dá o direito de ninguém leva-lo.  Ou culpa de quem não educou o ladrão de que não se deve levar o que não é dele?

EU APRENDI DESDE PEQUENO que não se deve pegar coisas que não me pertencem, da mesma forma não se deve tocar em pessoas que não querem ser tocadas (mesmo se sua aparência física provoque meus instintos!). Uma mulher bonita pode ser admirada, flertada desde que com respeito, e se ela diz NÃO, ACABOU! Não te quer, vá embora! Mas isso sou EU que sei, EU e a grande maioria dos HOMENS DE BEM que conheço, meu pai, meus irmãos, parentes e amigos.

INFELIZMENTE, SEMPRE vai existir uma minoria de DEGENERADOS, que são MINORIA SIM, mas fazem tanto estrago que parecem maioria, que ACHAM que podem usufruir do que não é deles, dos objetos do outro (ah, aquele carro estava dando sopa com o vidro aberto/ a menina estava toda distraída com aquele celular, eu fui lá e peguei!) do corpo do outro (estava vestida igual uma vadia/era uma criança tão inocente...). Pessoas assim não PODEM ser consideradas normais, porque pelo menos no MEU senso de normalidade não cabe um comportamento TÃO antissocial (isso pra falar o mínimo)!

Um homem que consegue se masturbar em um ônibus lotado sem se constranger com a presença dos demais ao redor perdeu completamente a noção do que é viver em sociedade. Não pode participar do convívio com outras pessoas porque não vai saber quais são os seus limites. É inconcebível pensar que nossas filhas, mães, esposas vão andar pela rua com um sujeito desses à solta por aí.

Não adianta levantar cartazes e bandeiras exigindo que, “antes de legislar sobre nossas roupas, ensinem os meninos que é errado estuprar”. Os estupradores já estão aí, e coloca-los na escolinha de civilidade não vai fazer com que mudem suas atitudes. E da mesma forma que preciso proteger meu bolso, meu relógio, meu carro, as mulheres devem aprender a proteger seu corpo. Fico assustado quando essa conversa vira uma disputa de gêneros, como se os homens fossem todos “machistas, defensores da cultura do estupro, estupradores em potencial”. Não somos! Podemos não sofrer na pele por causa dos abusos, mas temos pessoas próximas por quem tememos muito mais do que por nós mesmos. E muitas vezes vi mulheres sendo criticadas por OUTRAS MULHERES por causa de roupas e atitudes, legislando sobre o comprimento da saia, o tamanho do decote da outra.   De fato, a sociedade tem que parar de tratar como normal e tratável esses desvios GRAVES de comportamento, quer seja na rua, no ambiente de trabalho ou na igreja. Infelizmente, nossa sociedade se tornou DOENTE por não poder garantir a todos a segurança que é um DIREITO nosso, como ser humano.

A sociedade, como TODO ORGANISMO VIVO depende de órgãos saudáveis para funcionar corretamente, e nós vivemos num meio em que ideologias retrógradas defendem o DIREITO de vida dos componentes mais defeituosos, mesmo que esses massacrem com os bons. Em medicina, chamamos isso de CÂNCER.


E o CÂNCER, meu amigo, quando dá metástase, é DIFÍCIL de curar... 

terça-feira, 23 de maio de 2017

A UFMG E O SUICÍDIO ESTUDANTIL

Venho acompanhando de longe os desdobramentos do caso do(s) estudante(s) que se suicidou(aram)  dentro de uma moradia da UFMG e o clamor de alguns entusiastas que afirmam que “A UFMG mata”. Sou estudante do 7º período de Farmácia, concluí a graduação em Letras e 5 períodos do curso de Química, então tenho certa experiência para afirmar categoricamente que A UFMG NÃO MATA.

A Universidade Federal de Minas Gerais é um dos principais centros de ensino, pesquisa e extensão da América Latina, e oferece capacitação gratuita. É natural que seja competitiva e queira selecionar os candidatos mais preparados para os desafios que o mercado industrial e acadêmico oferecem.  Para ingressar em qualquer curso na UFMG, o aluno tem que se preparar bastante para tirar uma boa nota no ENEM,  “entrar de cabeça na graduação”, viver a faculdade e se envolver “de verdade” com as disciplinas.

Acontece que produzimos hoje uma geração pouco acostumada a sacrifícios, cujos ídolos são pessoas que conquistaram fama e fortuna bem jovens e com pouco estudo, e muitos acham que esse é o modelo de vida que se precisa alcançar. Alguns ingressam na faculdade por status, sem certeza de que é isso mesmo que querem, mas só para “ter diploma superior “ e “porque é de graça”. E a faculdade exige sacrifício, exige dedicação, exige renúncia.

A UFMG NÃO MATA – O QUE MATA É O SEU DESPREPARO para enfrentar uma vida adulta, de responsabilidades. A UFMG não controla seus horários, o controle de presença em sala de aula é mera formalidade. Desde os tempos de COLTEC – onde fiz meu curso técnico, sempre tive autonomia para decidir quando estudar, quando ir às aulas... E as disciplinas eram pesadas, o meu domínio dos conhecimentos da química e da matemática hoje são muito superiores aos de profissionais oriundos de outros escolas técnicas, e olha que essas são áreas do conhecimento para as quais nunca fui vocacionado. Aprendi “na marra” mesmo.


ADMITIR FRAQUEZA NUNCA FOI SINÔNIMO DE FRACASSAR – quando eu percebi que o curso superior de Química não era para mim, simplesmente tratei de abandoná-lo e começar uma nova graduação. E nessa época eu já contava com mais de 30 anos. Eu entendo que o sistema das EXATAS é muito diferente do de HUMANAS (pois eu vivi as duas realidades). Quando comecei a estudar Química e me deparar com disciplinas como Cálculo I e Geometria Analítica, comecei a perceber o quanto você pode estudar e estudar muito e mesmo assim tudo dar errado. As ciências exatas são frias e cruéis, você não consegue simplesmente “empurrar com a barriga”. Uma amiga uma vez me disse: “ou você se entende com as exatas, ou desiste delas!” Aquilo me marcou. Se tanta gente consegue, por quê eu não? Em meu primeiro mês no Departamento de Química, numa disciplina chamada Ciclo de Palestras – em que diversos profissionais nos apresentavam os rumos da nossa nova profissão – o COORDENADOR do curso afirmava que “nosso objetivo é fazer vocês DESISTIREM. Tenho pena de vocês, porque só aqueles muito persistentes mesmo é que vão chegar até o final”. Eu sempre tomei isso como incentivo, como uma provocação que ia me fazer chegar até o final. Não cheguei, pelo menos não na Química, mas continuo vendo tanta química quanto antes, na Faculdade de Farmácia.


A UNIVERSIDADE NÃO É MÃE, aqui nós somos adultos, temos autonomia e responsabilidades e temos que arcar com elas. Não somos mais adolescentes em formação. Se não superamos nossos traumas da juventude, nossa missão é procurar recursos – inclusive DENTRO DA UFMG – para superá-los. Sabemos de nosso compromisso com o mundo e o quanto é importante para nossos amigos e para nossa família que estejamos vivos e bem. A UFMG tem um Departamento de Saúde Mental, coordenado pelo Departamento de Medicina, com profissionais que se formaram aqui mesmo e entendem o drama dos estudantes. Mas não é papel dos professores localizar estudantes com problemas de adaptação e encaminhá-los para o Departamento, é responsabilidade DO ALUNO, que é um ADULTO, procurar ajuda, e a família, se possível, dar todo o suporte emocional para esse indivíduo.

Contamos com a Universidade Federal de Minas Gerais para que ela continue sendo REFERÊNCIA em ensino de qualidade e um centro de pesquisa respeitado em todo o mundo, e que esse papel não seja prejudicado pelas acusações GRAVES que tem sido feitas, cujas consequências podem impactar diretamente na qualidade do que se tem exigido dos alunos, pois no final das contas, é o sacrifício e a dedicação de cada um que faz da UFMG a Universidade dos sonhos de qualquer brasileiro.  







segunda-feira, 1 de maio de 2017

Meus 13 porquês - Ou o que o bullying pode fazer com você

O bullying não é um problema moderno, nem frescura de crianças e adolescentes que estão surgindo numa geração covarde e sem referências. É um problema antigo, e os adultos de hoje sabem muito bem os danos que é capaz de provocar. Fui alvo de zoações durante uma parte considerável da minha vida. Uma parte das brincadeiras vinha sim de amigos para os quais eu  podia revidar sem que isso afetasse a relação que eu tinha com eles. Mas uma outra parte, uma grande parte, vinha de outros jovens que não tinham o outro interesse que não fosse me destruir, acabar com todos os resquícios de auto-estima e autovalorização que meus pais passaram a vida inteira lutando para construir em mim... 

Quando eu era criança pesava acima da média, como a maioria dos garotos da minha família. Isso por si só já era alvo de muitas zoações. Mas além disso, minhas brincadeiras e diversões não eram lá muito ortodoxas, o que me fazia me sentir muito diferente dos garotos da minha turma. Não era fã dos esportes (principalmente com bola) e sempre preferi ler e escrever, e mesmo os esportes nos quais eu acabei me tornando versátil (como nadar e andar de bicicleta) acabei aprendendo somente depois dos meus irmãos mais novos, o que por si só já era suficiente para ser mais alvo de zoações. 

Quando me tornei adolescente fui estudar no COLTEC - UFMG, uma das escolas técnicas mais conceituadas de Belo Horizonte, mas aí as coisas também não foram tão melhores do que pensava que seriam. Fiquei marcado por uma brincadeira da minha mãe (de pintar o meu cabelo) e ganhei um apelido que me perseguiu o curso inteiro (Mecha). Simpatizei-me com o apelido, mas a humilhação que me levou a tê-lo com certeza vou levar para o resto da vida. As calouradas no COLTEC eram um pouco mais pesadas do que hoje são permitidas no campus, e justamente por ter me sentido tão mal no meu primeiro dia de aula, quando me tornei veterano, fiz o máximo que pude para preservar e proteger os novos calouros para que não se sentissem tão humilhados e desamparados como eu me sentia nos primeiros dias de aula. 

Muitos jovens conseguem sobreviver ilesos à essas "brincadeiras", mas àqueles que, como eu, por diversas razões tiveram sua autoestima comprometida na infância ou na adolescência encontrarão enormes dificuldades quando chegarem à vida adulta. Por que vemos muitas vezes adolescentes sofrendo de anorexia, abusando dos métodos ilícitos para atingir um corpo perfeito na academia, ou atravessando diversas sessões de cirurgia plástica e se tornando irreconhecíveis, na tentativa de se ajustar a uma imagem que jamais alcançarão? Porque não tiveram a autoimagem bem construída numa idade em que afirmação e aceitação é TUDO o que um adolescente precisa. Fazer parte de um grupo e construir uma identidade é tão importante para um jovem quanto ter emprego e ser capaz de sustentar uma família é importante para o adulto. Transforme um jovem num renegado e você estará contribuindo para enriquecer psiquiatras, legistas, farmacêuticos e advogados criminais. 

Eu acompanhei emocionado ao seriado "mais badalado do Netflix no momento", 13 Reasons Why ou Os 13 Porquês e resolvi engrossar o coro das pessoas que lutam a favor da vida! Os jovens que levaram a protagonista ao suicídio não tiraram a vida da garota, mas tiraram TUDO o que ela tinha de mais importante, até não lhe restar mais nada. Foi um desfecho cruel e apaixonado de uma realidade que se passa em muitas escolas, para muitos jovens... 

Eu queria que muitos daqueles que passam por isso pudessem estar lendo esse texto agora para que eu pudesse lhes dizer: JOVEM, NÃO DESISTA! A vida me ensinou que as pessoas só fazem com a gente o que a gente permita que faça. E que os jovens que te tratam assim também são tão inseguros quanto você. Provavelmente você se tornou um alvo por algo que fez ou por algo em sua aparência, ou por alguma inaptidão nas matérias ou nos esportes. Mas não se cale! Não permita que te usem para esconder os próprios defeitos. Conversem com seus pais, professores, dê a volta por cima!

Eu não sei ao certo dizer como e quando superei meus maiores traumas de adolescência. Foram muitos, e preferi não listá-los para não tornar pesada a leitura desse texto.  Mas a que devo a superação de muitos dos meus traumas? Vou tentar listar aqui algumas das 13 razões (ou meus 13 porquês) que literalmente salvaram a minha vida e me tornaram uma pessoa melhor: 

1 - Aprendi a me amar, acima de qualquer coisa. Aceitei que o mundo sempre vai ser pior sem mim, SEMPRE! Que sempre vão existir problemas, que sempre haverá desafios, mas que existem pessoas que precisam de mim, de qualquer jeito, apenas existindo, para fazer a vida delas fazer sentido. 

2 - Aprendi muito com a  Programação Neurolinguística, a ciência que molda a sua realidade de acordo com seus pensamentos. Não é fácil mudar o que pensamos de nós mesmos quando outros já nos transformaram em fracassados mas em última instância aprendi que quem diz o que eu sou e o que eu não sou é apenas eu mesmo, ninguém mais. Ao invés de repetir pra mim mesmo "sou um fracassado", digo "sou um vencedor", "estou superando mais essa", mesmo que ainda não esteja. A linguagem remodela o significado do que estou vivendo e tudo se transforma. 

3 - Passei a não aceitar rótulos, de espécie alguma, nem os positivos - que te forçam a demonstrar virtudes que nem sempre  eu tenho e colocam uma responsabilidade absurda em meus ombros - nem os negativos - pois esses são extremamente nocivos e paralisantes, e por isso mesmo os rejeito sumariamente. 

4 - Aprendi a me cercar das pessoas que pensam igual a mim. Se eu não gosto de jogar futebol e só fico lendo revistas do Homem-Aranha, existe um grupo de pessoas que gosta exatamente disso. Se não sei a escalação do meu time de 1999 mas sei o nome de todos os Changeman, Flashman, Cybercops e Cavaleiros do Zodíaco, também encontro pessoas que são assim. E de coincidências em coincidências, acabei percebendo que sim, existe espaço pra mim no mundo... 

5 - Comecei a valorizar minhas potencialidades pelas coisas que ouvia a meu respeito. Assumi meu lado escritor, descobri minha afinidade com as exatas e com o Excel. Embora não seja soberbo, nem arrogante, gosto de me refugiar nas coisas que faço bem. Sempre que ouvir de várias pessoas o quanto você faz bem isso ou aquilo, invista. Às vezes é um talento natural que você nem sabe que tem, e só percebe porque os outro não têm. Sempre me disseram que escrevo bem, mas nunca consegui ensinar a ninguém como escrever bem. Apenas vou lá e faço... 

6 - Aprendi a fazer bem as coisas sem esperar para ser elogiado, apenas para me sentir bem. Sempre defendi a máxima de que "as pessoas que se elogiam não precisam do meu elogio", ao contrário das pessoas que fazem o trabalho bem feito em silêncio, quando colocam o trabalho em primeiro plano, chamam mais a minha atenção. Quando te pedirem para fazer um trabalho, não digam: "chamou a pessoa certa, eu sou o cara! Você não vai se arrepender!", porque isso eleva demais as expectativas de quem vai receber seu trabalho. E se seu trabalho não for tão bom quanto à propaganda, vão te criticar e isso pode te deixar pior.  Apenas faça e deixe que a qualidade do que foi feito fale por você. Os elogios virão. 

7 - Aprendi a lutar pelo que eu quero. Que não devo aceitar uma posição medíocre na vida. Que se meu sonho for morar na Europa, trabalhar em grandes centros de pesquisa, falar várias línguas, ser uma referência científica internacional, é exatamente isso o que eu vou fazer. E ponto final. 

8 - Também aprendi a respeitar meus limites. Não adianta achar que serei um jogador de futebol super famoso começando a jogar aos 36 anos... Nem um cantor de renome internacional sem nunca ter feito uma aula de canto sequer. Meus sonhos podem ser grandes, mas são realistas. 

9 - Descobri que não é possível ser feliz sempre. Tem dias que nada dá certo, a tristeza bate mesmo. Não tem remédio que sare! Nesses dias, melhor mesmo é ficar um pouco mais recluso, aceitar a tristeza e esperar que ela se vá. Saborear os maus momentos faz com que dê mais valor aos bons... Mas não se acostume com a tristeza, nem deixe que ela faça moradia. Expulse-a tão logo quanto possível! 

10 - Quando nada dá certo, é hora de procurar ajuda. Ela pode vir de um irmão, mãe, pai, esposa, ou um profissional. Não é vergonha pedir ajuda, se sentir mal, ficar pra baixo. Vergonha é se esconder e fingir que tudo está perfeito. Sou humano e fraquejo, como todo mundo. Já sofri de depressão e ansiedade crônicas por isso sempre observo meus sentimentos a fim de perceber se estou correndo o risco de sucumbir a alguma dessas doenças... 

11 - Rir é um santo remédio. Quando o mundo está uma b*$T@, eu procuro por programas leves, comédias, stand ups, talk shows que me fazem rir. De preferência, acompanhado. Se rir é bom, rir junto é melhor ainda.  

12 - Aprendi a ter empatia, a perceber que existem pessoas que sofrem tanto ou mais do que eu. Ajudar ao próximo alivia demais, me faz esquecer meus sofrimentos e me faz sentir importante, especial! Se você puder ouvir alguém, ouça. Se puder visitar um asilo, visite! Se puder doar sangue, doe! Se puder doar uma roupa, faça-o! Se souber dar aula para alguém, faça-o também. Mas não faça para aparecer, para se autopromover, faça escondido, sem textões no Facebook, pelo simples prazer de ajudar. Se for divulgar, divulgue O GESTO, não você!  Envolver com os problemas de outra pessoa faz com que a gente se esqueça dos próprios problemas e se sinta mais leve... 

13 - E finalmente, percebi que sou ÚNICO, e por isso mesmo, ESPECIAL. Eu percebo coisas e realizo coisas que NINGUÉM MAIS é capaz de realizar. Então, assim como eu, VOCÊ faz parte de um Projeto Especial, maravilhoso, porque você foi projetado pela natureza e pelo seu Criador para ser exatamente ASSIM COMO É. O que você chama de limitações, defeitos, são oportunidades de construção e lições para o amadurecimento seu e de TODA A HUMANIDADE. 

Abraços a até meu próximo post...