Escrever em um blog com o nome
“Crônicas de Um Escritor Nostálgico” pode transmitir uma ideia errada a
respeito da minha personalidade e meu modus
operandi padrão. A Nostalgia é um
estado de espírito que se manifesta esporadicamente, fato é que raras vezes me
aventuro a atualizar o blog com crônicas nostálgicas, e este é um destes
preciosos momentos. Gosto de escrever, mas esse é um esporte ao qual não
disponho o tempo do qual gostaria, e não podia deixar passar em branco esse
precioso feriado do dia 1º de maio, nosso dia do trabalhador.
É bem verdade que, quando estamos
realmente empenhados em construir algo, perseguir um sonho, não existem
obstáculos. Isso não é só uma afirmação clichê. Infelizmente, existem milhares
e milhares de trabalhadores como eu que passam pela vida esperando algo
especial acontecer, e nunca saem de onde estão, porque acham que já trabalham
demais, já dão duro demais, já se esforçam demais e nada muda. E a verdade é
que o fato de nos levantarmos cedo todas as manhãs e desempenharmos funções
mais lucrativas para nossos empregadores do que para nós mesmos não é
“trabalhar demais”, estamos apenas cumprindo nossa obrigação, ou, nas palavras
de Roberto Shinyashiki, estamos fazendo o que todos fazem. “O sucesso é construído à noite”, para atingir
uma meta especial, é necessário estudar, planejar e se esforçar no horário em
que os outros estão curtindo a vida numa boa porque durante a semana já
“trabalharam demais”.
Infelizmente a vida é assim e não
é justa. Esbravejar, chorar, esmurrar a porta, murmurar, nada disso tira
ninguém de onde está. Extravasar
sofrimento só atrai sofrimento. Eis o motivo pelo qual iniciei este post
falando da ideia nostálgica por trás da minha personalidade. Não conheço um ser vivente sobre esta terra
que não tenha que lutar todos os dias por sua sobrevivência, em qualquer
sentido. O sofrimento é inerente à vida,
mas não precisa ser cantada aos quatro ventos. Quantas pessoas não conhecemos
que parecem viver constantemente uma miserável existência, repleta de dor e
sofrimentos? Pessoas que sempre que encontramos já sabemos que iremos ouvir um
rosário de reclamações de dor, padecimentos físicos, endividamentos,
maledicências e tudo o que há de pior na vida? Já percebeu como essas pessoas
acabam “envenenando” nosso dia? A impressão que tenho é que só a presença de
pessoas assim drena minhas energias, são verdadeiros vampiros da alegria
humana...
Além desses, existem aqueles que
estão sempre insatisfeitos com tudo: com o governo, com o prefeito, com as
músicas, com o time, com seu trabalho, com seu descanso... Não existe uma só
pessoa competente, um órgão fiscalizador eficaz, nada escapa à crítica de
determinadas pessoa que, para ocultar a própria incapacidade de se encaixar no
mundo, apontam o dedo para todos os cantos.
Estes só criticam, falam quando não se pode resolver absolutamente nada,
em rodas de amigos, dentro do ônibus. Jamais tomam qualquer atitude, pois acham
que “tudo vai sempre ser desse jeito mesmo, fazer o quê?” Podiam pelo menos parar
de encher o nosso saco...
E existem aquelas pessoas que
aparentam não ter qualquer tipo de problema. Aquele amigo que começa a
segunda-feira com um caloroso bom-dia, que diverte qualquer ambiente. Todo
grupo tem um “palhaço da turma",
esse no qual sempre tento me enquadrar, não por ter uma vida isenta de
problemas, mas por acreditar que, parafraseando uma amiga minha, meus problemas
são problemas meus. Existem muitas situações em minha vida que são lamentáveis,
mas acredito firmemente que um espírito de criança em qualquer ambiente é
fundamental para dar vitalidade a um grupo, a uma família, uma comunidade...
Pessoas felizes se atraem. Rir
faz bem para a saúde, estimula o cérebro, libera serotonina e ainda estimula a produção de endorfinas essenciais para que
suportemos nosso fardo diário de “trabalhar demais”. E não é só o trabalho não,
é todo um conjunto desgastante de fatores: trânsito, obras na cidade,
alterações climáticas bruscas, acidentes, assaltos... Trazer toda essa carga
negativa à tona só vai piorar o dia e o ambiente de pessoas que já precisam
passar pelas mesmas coisas, então por que não ser um agente da alegria em nosso
dia-a-dia? Por que não tomar a iniciativa de arrancar sorrisos daqueles cuja
vida anda tão sem vida?
Na semana passada, no dia 25 de
abril, o Programa Graffite da 98FM, Rádio de Belo Horizonte, divulgou este
blog, pois tive o prazer de conhecer pessoalmente os integrantes do programa. Todos os dias, no retorno para casa, escuto aqueles quatro radialistas e
comediantes no horário de seis às sete da noite (o programa começa às 17 horas,
mas só posso ouvir ao sair do trabalho).
Dudu, Rodrigo, Geraldo Magela e Caju (na foto abaixo não está o Magela, esse de rosa no fundo é o Bruno Berg, que é excepcional!) se apelidam de Os Trapalhões do
Rádio, e com um humor sadio e inteligente aliviam as tensões acumuladas ao
longo do dia de milhares de pessoas que, como eu, já são fãs incondicionais.
Além do humor, o programa possui uma filosofia humanitária, de ajuda a pessoas
carentes e necessitadas, divulgam notícias sobre desaparecidos e de enfermos que precisam de doação de sangue.
Identifico-me com a ideologia do
programa desde que era transmitido na Rádio Extra FM, e na 98FM eu acompanho desde
2010. De alguma maneira, acabei me sentindo próximo aos apresentadores, pois os
ouço diariamente. Durante esse período, houve acontecimentos muito tristes, o
Rodrigo Rodrigues perdeu seu pai, o Eduardo perdeu sua mãe de criação... Em
momento algum o espírito do programa foi abalado, pois mesmo em momentos de
crise o Eduardo tem uma máxima, em qualquer situação, repita sempre: NUNCA TEVE
TÃO BÃO.
É uma frase que faz milagres. De
verdade. Já fez em minha vida, pode fazer na sua também. Que tal experimentar,
da próxima vez em que perguntarem pra você como vai a vida, ao invés de
detalhar sua lista de reclamações, dizer apenas: Nunca teve tão bão!
Muitas vezes, em meus dias inspirados
de palhaço no meu dia-a-dia, idealizei que poderia trabalhar como comediante do
rádio, como fazem no Graffite. Ou quem sabe com meu próprio show de stand
up. Mas não sei se levaria jeito. Posso ser bom com as palavras escritas, mas
não sei se seria bom no palco, me acho desajeitado, e não tenho essa facilidade
para decorar textos... Ah, e distraído também! Muito, mas muito distraído. Vou
contar um segredo, espero que fique entre nós: quando fui aprovado no COLTEC,
em 1997, meu pai me levou no primeiro dia ao Colégio para eu saber onde ficava
(pois morávamos – e eu ainda moro – em Pedro Leopoldo). No segundo dia, fui de
ônibus. Era um ônibus tipo executivo,
única opção na época para ir da minha cidade à capital. Ao ver a área da UFMG,
puxei a cordinha, mas o ônibus não parou. Continuou seguindo, seguindo,
seguindo, e eu me desesperando... Até que um senhor de boa vontade me cutucou e
disse: “Garoto, pra descer, você tem que puxar a corda da campainha, e não a da
cortina”.
E alguém ainda acha que tenho vocação
pra comediante?
Abraços e até meu próximo post.
PS: A propósito, por falar em pessoas que
atingiram uma meta especial, não poderia deixar de citar nosso amado Ayrton
Senna da Silva, que nos deixou a exatos 19 anos. Um herói, um mito, um homem que
não deixou as mesquinharias do dia-a-dia afastá-lo de seu objetivo principal, o
de ser até hoje o melhor piloto de Fórmula 1 que o mundo já conheceu.